
- Editor: Três Estrelas
- Publicado: 31 Dezembro, 2017
«Conservadorismo: quando alguém é acusado de sofrer da maleita, não se pretende afirmar que a infeliz criatura adere a um conjunto válido e racional de ideias ou valores que definem uma ideologia política. Ao conservador não se aplica o mesmo tipo de tolerância ética ou epistemológica que se concede ao liberal, ao socialista e até, Deus seja louvado, ao comunista impenitente.
O conservador é outra história. Um imobilista, dirão alguns: alguém que se opõe à mudança, a qualquer mudança, porque assim determina a sua viciosa personalidade. Ou então é um reaccionário, dirão outros: alguém que não apenas se opõe à mudança, a qualquer mudança, como pretende revertê-la de forma a regressar a um paraíso perdido que, aos olhos nostálgicos do reaccionário, é simplesmente o avesso de um mundo que se encontra do avesso.
Para o fanatismo progressista, o conservador não é uma alma que persiste no erro. É, resumidamente, um herege. E não será de excluir, seguindo as lições do preclaro Theodor Adorno em The Authoritarian Personality (1950), que se escondam outros vícios por detrás da heresia: uma personalidade com inclinação para o autoritarismo e, já no século XX, para as experiências fascistas que destroçaram a Europa. Recapitulando: conservador, imobilista, reaccionário, autoritário, fascista. Para quê perder tempo com pormenores?
Este livro procura perder tempo com pormenores. Porque se Deus está nos detalhes, o demónio também está. As caricaturas que usualmente distorcem o conservadorismo que aqui se apresenta só podem ser explicáveis, mas não justificáveis, por ignorância ou má-fé.»
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Ninguém pode se dizer um conservador de verdade sem ter analisado a obra de Edmund Burke. Falei de um clássico, mas recomendaria iniciar a jornada com um pequeno livro de João Pereira Coutinho: ‘As Ideias Conservadoras Explicadas a Revolucionários e Reacionários’.
Leandro Karnal, O Estado de S. Paulo
Há muito não se publicava um pequeno grande livro como este (…) Que revolucionários e reacionários tenham a chance de aprender com a generosa e amigável exposição de Coutinho. E que todos nos lembremos de que o conservadorismo é, antes de tudo, um humanismo.
Reinaldo Azevedo, colunista da Veja e da Folha de S. Paulo
É um livro magnífico, “Oakeshottiano” après la lettre, que demonstra, definitivamente, que ser-se conservador nem sequer é o contrário de ser reaccionário. É apenas uma maneira desconfiada de encarar a vida. Nessa partilha está a nossa honra e a nossa pertença.
Miguel Esteves Cardoso, Público
Trata-se de leitura altamente recomendável, capaz de elucidar muitas dúvidas existentes e até compreensíveis, quando se mistura conservadores “de boa estirpe” com reacionários.
Rodrigo Constantino, O Globo
Viver e deixar viver; impedir que a liberdade seja sacrificada. Este livro é o começo de uma aventura intelectual, uma iniciação à arte de pensar a política sem preconceitos. Dá gosto discutir com a elegância com que João Pereira Coutinho escreve.
Francisco José Viegas, Correio da Manhã
Este livro é importante porque, apesar da relevância e longevidade do tema que trata, esta é uma das raras tentativas em língua portuguesa de reflectir com coerência sobre uma tradição sem a qual o mundo ocidental moderno dificilmente pode ser compreendido.
João Carlos Espada, Público
Mais do que apresentar uma forma de conservadorismo “estrangeirado”, João Pereira Coutinho estabelece neste óptimo ensaio um “tipo-ideal”: um pessimista pacificado com a natureza humana, que detecta males universais e bens provisórios, e se mostra algo incapaz de agir politicamente. É esse temperamento que explica o conservadorismo como ideologia melancólica.
Pedro Mexia, Expresso
João Pereira Coutinho escreve com inteligência e sentido de humor, qualidades úteis para um ensaio político como este.
Jaime Nogueira Pinto, Sol
No desolado presente que vivemos, este é um livro a merecer a atenção do público português e brasileiro, obra que indiscutivelmente justifica leitura crítica até pela forma desarmante e serena com que o autor expõe ideias várias, suas e alheias.
António Araújo, Público
O livro é excelentemente feito e aconselho aqui a sua leitura, até porque, dentro dos limites ditados pela natural equivocidade dos conceitos políticos, consegue de facto iluminar com detalhe os contornos principais da tradição burkeana que procura explorar e cujos mais importantes representantes contemporâneos (muito diversos entre si, de resto) seriam Michael Oakeshott e Roger Scruton.
Paulo Tunhas, Observador
Um livro exemplar a vários títulos e a demais propósitos. Muito bem escrito, com um português desafiante e atraente, marcado por doses de humor britânico e alguma ironia queirosiana, conciso e profundo, lê-se e relê-se de um fôlego só (…) Se na política portuguesa, para as diferentes correntes de pensamento – à esquerda, ao centro e à direita – houvesse obras de referência desta cêpa e qualidade, não tenho dúvidas de que o nosso debate político seria francamente melhor e mais produtivo.
Paulo Rangel, Público
João Pereira Coutinho faz uma viagem séria e sem evangelismos (coisa rara na prosa nacional) na história e detalhes do “Conservadorismo”.
Martim Avillez Figueiredo, Expresso