E lá veio a sondagem: diz o Expresso que, depois de Pedrógão e Tancos, os portugueses continuam com Costa. O PS sobe. A ‘direita’ desce. Pressinto incredulidade por aí. Não se justifica. Partindo do pressuposto, nem sempre pacífico, de que a sondagem é para levar a sério, ela só comprova a cultura política reinante em Portugal. Uma cultura onde a qualidade de um governo é aferida pelo bolso de cada um. Quando o bolso está mais cheio, Portugal pode arder – literal e metaforicamente – à vontade. Que se lixe o estado do Estado. O que interessa é o estado do nosso quintal.
Alguns lamentam o cenário. É preferível compreendê-lo: uma cultura de pobreza, sem uma verdadeira sociedade civil independente, só podia produzir uma massa interesseira e manhosa. Esperar exigência deste rebanho, e responsabilidade dos seus pastores, é como acreditar nas 72 virgens paradisíacas. Uma missão suicida.
Artigo publicado no Correio da Manhã
Photo credit: Fernando H. C. Oliveira via Foter.com / CC BY-NC-ND