João Pereira Coutinho

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Partido de riso

29 Dezembro, 2017 by João Pereira Coutinho

A lei de financiamento partidário é uma comédia grotesca? Sem dúvida. Mas mais grotesca foi a reacção dos partidos quando apanhados em pleno acto.

No primeiro momento – ‘Querida, isto não é o que estás a pensar’ – tentou-se enganar os otários: a lei não representa mais despesa para o Estado (apesar do roubo de 9 milhões em IVA) e até foi obtida por ‘consenso alargado’ (na quadrilha couberam todos, exceptuando o CDS e o PAN).

No segundo momento – ‘Ela não significa nada para mim’ – optou-se por desvalorizar a amante. Para o PCP, a lei é ‘antidemocrática’. E o Bloco confessa que só dormiu com ela para não ficar à porta do quarto.

No terceiro momento – ‘Vamos ultrapassar isto juntos’ – o adúltero está disposto a ‘melhorar’ a relação. O Bloco, uma vez mais, é o penitente exemplar.

Depois de tanto rir, e esperando um veto presidencial, só tenho duas palavras para os nossos comediantes: muito obrigado.

 Publicado no Correio da Manhã

Photo by Yunfei, Lin on Foter.com / CC BY-NC-ND

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Regresso ao futuro

26 Dezembro, 2017 by João Pereira Coutinho

A esquerda quer os CTT nas mãos do Estado. Acho bem. Embora, aqui entre nós, a reivindicação peque por modesta. Não basta ter o controlo público da empresa. É preciso resolver a crise que afecta o sector. O negócio das cartas está a morrer? A internet, e o enxame dos telemóveis, põe em causa velhos modelos de comunicação?

O PCP e o Bloco deviam promover restrições severas à internet (como na China) – e, em matéria de telemóveis, um aparelho por família sempre me pareceu suficiente. Sobre as cartas (que ninguém escreve), os camaradas podiam instituir cotas de produção epistolar, obrigando cada português a escrever uma por semana. Os funcionários da empresa, para dar o exemplo, deviam escrever cartas uns aos outros – todos os dias.

Se, apesar de tudo, estas medidas forem insuficientes, os CTT que alarguem os seus serviços para o telégrafo, a fumaça e o pombo-correio. O progresso não espera.

Publicado no Correio da Manhã

Photo by starmist1 on Foter.com / CC BY-NC-SA

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Uma casa portuguesa

22 Julho, 2017 by João Pereira Coutinho

O relatório do inquérito à Caixa Geral de Depósitos chumbou porque dois deputados do PS não puseram os pés na sala. Faz sentido: um inquérito de farsa só podia terminar em farsa.

Ferro Rodrigues, com o respeito que sempre demonstrou pelo poder judicial, criticou o Ministério Público por fazer o seu trabalho no caso das viagens da Galp. Falou a título ‘pessoal’, entenda-se: o dr. Ferro, como qualquer funcionário público, entende que ser a segunda figura do Estado só é para cumprir das 9 às 5.

No voto de pesar pela morte de Américo Amorim, o PCP e o Bloco votaram contra. O homem gerou riqueza e empregos? Seja. Mas faltou-lhe o toque genocida – como Fidel, por exemplo – que fica sempre bem em qualquer currículo.

Sim, uma pessoa até pode ter uma paixão teórica pelo parlamentarismo. Mas depois olha para a prata da casa e percebe que essa paixão não é correspondida.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: D-Klick via Foter.com / CC BY-NC-ND

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Teoria e prática

10 Dezembro, 2016 by João Pereira Coutinho

No poder, os camaradas sempre souberam tratar bem dos seus.

Salário elevado para os administradores da Caixa? Nada contra. Mas eu, cuidado, sou um perigoso ‘neoliberal’ (é assim que se escreve, certo?) que já tem o seu lugar reservado no Inferno. Coisa diferente são partidos angelicais, como o Bloco e o PCP, que querem acompanhar-me para o caldeirão. Essa, pelo menos, é a visão geral.

Geral e errada: na teoria, o marxismo-leninismo gosta de falar de uma sociedade sem classes onde as desigualdades ‘burguesas’ foram eliminadas. Na prática, a experiência mostra-nos que a desigualdade nas ‘democracias populares’ entre a elite do Estado e a desgraçada população era o prato do dia. A velha aristocracia de classe era agora uma aristocracia de Partido.

Aqueles que acusam o Bloco e o PCP de ‘incoerência ideológica’ com os salários da Caixa deviam recordar esta simplória verdade: quando chegam ao poder, os camaradas sempre souberam tratar bem dos seus.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: undeplus via Foter.com / CC BY-NC-ND

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Filmes pornográficos

4 Novembro, 2016 by João Pereira Coutinho

Bloco e PCP podiam ser mais subtis nos seus filmes pornográficos.

Catarina Martins afirma que os administradores da Caixa Geral de Depósitos devem declarar rendimentos ao Tribunal Constitucional desde que os mesmos não sejam públicos. O PCP, no debate do Orçamento, considera o dito cujo ‘insuficiente’ – mas culpa os ‘constrangimentos’ da Europa pela ‘insuficiência’. Estranho mundo, este.

Antigamente, administradores do Estado acima do escrutínio público e governos de cócoras perante Bruxelas eram encarnações diabólicas para a nossa patusca extrema-esquerda. Hoje, são meros incómodos – como uma mosca na sopa ou uma borbulha na face. Melhor não reclamar nem espremer.

Já sei, e já escrevi, que o poder compensa tudo. Mas às vezes pergunto se Bloco e PCP não podiam ser mais subtis nestes exercícios invertebrados. Há crianças e jovens que podem ligar a televisão e apanhar com filmes pornográficos em horário familiar.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: joeflintham via Foter.com / CC BY-SA

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Quem é o otário?

24 Setembro, 2016 by João Pereira Coutinho

O PCP que não se queixe: protagonismo do Bloco é culpa sua

Quando Jerónimo de Sousa abriu as portas para um entendimento com o PS, eu percebi e não percebi. Percebi, porque era importante impedir um governo ‘da direita’ e ressuscitar os sindicatos. Mas não percebi, porque o ‘ménage à trois’ só interessava ao PS e ao Bloco. Ao PS, pela ambição do líder derrotado; e ao Bloco, que poderia canibalizar a esquerda do Rato e chutar o PCP para canto.

Dito e feito: em artigos ou entrevistas, o PCP anda a queixar-se do protagonismo do Bloco. Curiosamente, não parece passar pela cabeça dos camaradas que são eles que permitem esse protagonismo. E com um preço: depois do rombo da ‘candidata engraçadinha’, o Bloco assume-se, em todas as áreas, como o verdadeiro bolchevique de serviço. Uma espécie de vitória póstuma de Trostsky sobre Estaline.

Sim, a relação até pode ser a três. Mas não é preciso ser um génio para descobrir quem é o otário do bacanal.

Artigo publicado no Correio da Manhã

 

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Aberrações de feira

28 Maio, 2016 by João Pereira Coutinho

Por cada dia de sobrevivência, Costa devia cobrar bilhetes

O Governo Costa fez 6 meses e os artigos de opinião copiam-se uns aos outros. Segundo se lê, a grande vitória de Costa foi ter conseguido juntar o Bloco e o PC à mesma mesa – e fazer com que o arranjo funcionasse.

Interessante. As análises não perdem tempo com o desemprego que sobe; os impostos que aumentam; o investimento que se evapora; a economia que cresce miseravelmente; ou o défice que se agrava. Em 6 meses, o espanto dos articulistas é ver o governo das esquerdas a funcionar – um espanto infantil que normalmente se reserva para uma aberração de feira. A mulher barbuda pode ter três cabeças e saber pouco de economia; mas, em contrapartida, ela mexe-se, ela ri, ela fala – e isso basta para alegrar a criançada.

Eu, se fosse António Costa, começava a cobrar bilhetes por cada dia que passa. A sobrevivência da mulher barbuda sempre ajudava a virar a página da austeridade.

Artigo publicado no Correio da Manhã

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Sapos europeus

6 Maio, 2016 by João Pereira Coutinho

PCP e Bloco terão que ponderar se ódio à direita compensa

Quando o PCP e o BE viabilizaram o Programa de Estabilidade (uma forma de vénia a Bruxelas), eu comecei a contar as horas para que ambos começassem os seus números de circo. Dito e feito. No 1º de Maio, a CGTP prometeu sair à rua para fazer um dos seus desfiles sazonais. E o Bloco, para não ficar atrás, divulgou uma moção onde, em tom de ameaça ao PS, fala da ‘renegociação da dívida’ e exige o controlo público da banca. Na semana anterior, PCP e Bloco dão a patinha a Costa (e a Bruxelas); na semana seguinte, desatam a ladrar contra o dono. Admito que os números do crescimento económico tenham alarmado os camaradas. Mas o compromisso de engolir o sapo europeu tinha que dar nestas indigestões.

Veremos se a indigestão é passageira – ou o fim do casamento com o PS. Mas, para isso, PCP e Bloco terão que pesar primeiro o que os move realmente: se o ódio à direita, se a sobrevivência política.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: GollyGforce – Living My Worst Nightmare via Foter.com / CC BY

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Parabéns, António

30 Abril, 2016 by João Pereira Coutinho

Costa ficará para a história: BE e PCP já são europeístas

António Costa ficará para a história. Para começar, conseguiu fazer um governo com o apoio do Bloco e, Deus meu, do PC. Mas isto, que é notável, não se compara ao milagre de ontem: a esquerda radical, que andou dias e dias a rejeitar o Programa de Estabilidade, acabou por apoiá-lo contra o projecto de resolução do CDS. É verdade: Costa conseguiu fazer do PC e do Bloco dois partidos europeístas, que acatam as ‘ingerências’ de Bruxelas com a mansidão própria dos partidos ‘burgueses’. Comentários?

Apenas dois. O primeiro é que os princípios dos comunistas, por mais rígidos que sejam, transformam-se em pó quando o ódio à ‘direita’ fala mais alto. O segundo é que, daqui em diante, quando os portugueses apanharem com mais ‘auesteridade’, não será possível escutar os gemidos de Jerónimo ou Catarina com cara séria.

Parabéns, António. Contra todas as previsões, foste tu que os comeste.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: Johnny Silvercloud via Foter.com / CC BY-SA

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O país da bicharada

24 Abril, 2016 by João Pereira Coutinho

Quando o PCP é o único partido sensato, está tudo dito

Sazonalmente, o Bloco inventa um disparate qualquer para fazer prova de vida (adolescente). O país ri-se, o pessoal de esquerda com actividade cerebral também – e só meia dúzia de comediantes (involuntários) escreve a sério sobre as pilhérias do bando. Mas a verdade é que o bando lá vai marcando a agenda – e, pior, a legislação. Ontem, foi a criminalização do piropo. Hoje, seria a mudança de ‘Cartão de Cidadão’ para ‘Cartão de Cidadania’, no estrito respeito pelas ‘diferenças de género’. O governo, pela boca de Eduardo Cabrita (quem te viu e quem te vê, Eduardo!), estava disponível para ‘ponderar’ a alteração do nome. Mas o PCP decidiu pôr ordem no infantário, dizendo que o problema do cartão era o preço e o fim das validades vitalícias, não a gramática. Comentários?

Apenas este: quando o PCP é o único partido sensato do trio que nos governa, Portugal está entregue à bicharada.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: 10b travelling via Foter.com / CC BY-NC-ND

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Delírios em Bloco

16 Abril, 2016 by João Pereira Coutinho

Nem a suportar um governo o Bloco abandona a adolescência

Não é fácil: ontem era a criminalização do piropo, hoje são responsabilidades de gente grande na governação de um país. Como pode o Bloco passar da adolescência para a idade adulta sem angustiar a sua tribo? Não pode. Aliás, imagino uma reunião do partido: Catarina Martins a falar do défice, do programa de estabilidade, do desemprego que sobe – e um dos presentes, com sintomas de abstinência, a gritar da plateia: ‘Mas não há uma causa fraturante, porra?’ Catarina coça demoradamente o crânio. E então puxa pelo Cartão de Cidadão e afirma que a titulatura não respeita a ‘identidade de género’. ‘Exigimos um Cartão de Cidadania’, reclama Catarina, ‘para não discriminar metade da população portuguesa!’ Aplausos efusivos. Catarina, com o velho sorriso infantil, conclui: ‘Se os portugueses e as portuguesas já pagam a existência do Bloco, podem bem sustentar os nossos delírios.’

Artigo publicado no Correio da Manhã
Photo credit: Jameziecakes via Foter.com / CC BY

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Uma casa em chamas

15 Abril, 2016 by João Pereira Coutinho

Costa devia saber que ‘amigos que dão ajudas’ são para evitar

Pobre Costa: é o ministro das bofetadas que se foi; é um secretário de Estado que bateu com a porta; é o ministro da Defesa que trata os oficiais como se fossem mancebos de caserna. E, agora, até o ministro das Finanças terá mentido sobre a venda do Banif ao Santtander. Isto, claro, se esquecermos o ‘amigo’ de Costa que dava uma ‘ajuda informal’ (Costa já devia saber que ‘amigos que dão ajudas’ são espécies a evitar).

Ao mesmo tempo, as previsões de crescimento económico afundam de dia para dia – e de instituição para instituição. O que permite imaginar um ‘programa de estabilidade’ que vai abanar com a solidez das esquerdas.

Não admira que, perante esse cenário, Costa tenha visitado Tsipras em peregrinação ‘anti-austeridade’ – um biscoito preventivo para o Bloco e, sobretudo, o PC. Com a casa em chamas, era o que faltava ver os seus partidos de estimação a correr pela estrada fora.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: Zach Frailey (Uprooted Photographer) via Foter.com / CC BY-NC-ND

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Mulheres de sonho

27 Março, 2016 by João Pereira Coutinho

Pedro Arroja errou: mulheres do BE são anjos de graciosidade

Um comentador televisivo qualificou as donzelas do Bloco de ‘esganiçadas’. E acrescentou que não as queria ‘nem dadas’. Uma comissão qualquer do governo fez queixa, o DIAP abriu inquérito e seis deputadas bloquistas irão testemunhar.

Apoiado. Basta fechar os olhos e pensar nas senhoras do Bloco: haverá maiores exemplos de suavidade, moderação e tolerância, como se viu no célebre cartaz de Jesus e dos seus ‘dois pais’? E quem, em juízo perfeito, não gostaria de conviver com a irresistível feminilidade das gémeas Mortágua – dia após dia, até que a morte nos separasse?

Aliás, por falar em morte, uma sentença possível para Arroja seria condená-lo a passar uns tempos na sede do Bloco. E na companhia permanente desses anjos de graciosidade. Se Arroja aguentasse a pena sem a tentação compreensível de suicidar-se, então sim, poderiamos dizer que o homem estava recuperado para a sociedade.

Photo credit: AdamNCSU via Foter.com / CC BY-NC-ND

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Macacos como nós

19 Março, 2016 by João Pereira Coutinho

A nossa esquerda devia passear mais vezes no jardim zoológico.

Nunca entendi gente que se ‘fascina’ com um político. Razão conservadora: um político é membro da espécie ‘Homo sapiens’. Acreditar que um macaco como nós tem poderes mágicos só revela a) infantilidade; b) lesão neurológica grave; ou c) fanatismo ideológico. E, no entanto, a esquerda não tem emenda: aparece um benemérito qualquer e é vê-la a babar de admiração.

Quando o macaco em causa se comporta como um símio, temos a) desilusão profunda ou b) fanatismo reforçado. Aconteceu agora: a nossa esquerda, que esteve anestesiada com as corrupções do PT, acordou ‘triste’ com Lula – ou, em alternativa, indignada com os brasileiros nas ruas, suspeitando de influência americana (Boaventura, sempre Boaventura).

Pedir que estas pobres almas crescessem um bocadinho ou arranjassem tratamento adequado seria um excesso de optimismo. Mas talvez não fosse inútil levá-las a passear ao jardim zoológico de vez em quando.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: charlieishere@btinternet.com via Foter.com/ CC BY

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Às armas, às armas

12 Março, 2016 by João Pereira Coutinho

Encher depósitos em Espanha é um gesto de traição à Pátria

Sempre que a extrema-esquerda pretende taxar o ‘grande capital’, duas perguntas me assolam. Primeira: será que esta gente pensa que a quantidade de ricos chega e sobra para contentar a rapina? Segunda: alguém acredita que os ricos estão com as suas poupanças no banco do bairro e se recusam a pagar os seus impostos em outras paragens? Duas perguntas, uma mesma conclusão: o facto de vivermos num mundo ‘globalizado’ não entra na cabeça desta gente.

Só isso explica o pânico do ministro da Economia pelo facto dos portugueses, em regiões fronteiriças, irem a Espanha encher os depósitos. E quem fala em combustíveis, falará de qualquer produto apimentado pelo Orçamento. Eu, se fosse o ministro, propunha o encerramento das fronteiras e a cassação de passaporte a qualquer um destes traidores. Os inimigos da Pátria não estão apenas em Bruxelas a conspirar contra o dr. Costa.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: Theen … via Foter.com / CC BY-NC-SA

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Afectos e afectados

11 Março, 2016 by João Pereira Coutinho

Com Marcelo em Belém, há concorrência desleal para as esquerdas

Na política portuguesa, só existe uma lei científica: quando o Presidente e o Primeiro-ministro têm egos consideráveis, os sarilhos não tardam. Assim foi com Soares e Cavaco. Assim foi com Cavaco e Sócrates. Assim será com Marcelo e Costa. Com uma diferença: Marcelo é esmagadoramente popular (e eleitoralmente vitorioso); Costa é um perdedor, suportado por dois grupelhos cavernícolas.

Não foi por acaso, aliás, que PC e Bloco se recusaram a aplaudir o discurso da tomada de posse. Por ‘falta de etiqueta’ e ‘ranço anti-democrático’? Com certeza.

Mas essas maneiras e esse ranço não começaram hoje. No fundo, PC e Bloco entenderam o que António Costa ainda finge que não entende: com Marcelo em Belém, há uma concorrência desleal na praça. E perigosa: só um imbecil acredita que Marcelo suportará qualquer governo, independentemente do custo para o país – e, sobretudo, para o próprio.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: akk_rus via Foter.com / CC BY

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Cabeças de cartaz

27 Fevereiro, 2016 by João Pereira Coutinho

Cartaz do Bloco é um erro quando se come na mesa dos grandes

O cartaz do Bloco sobre os dois pais de Jesus tem importância política. Não pelo cartaz em si – uma imbecilidade sem pés nem cabeça – mas pelas reacções que o cartaz despertou em alguns militantes e simpatizantes. Resumindo, não gostaram. E Marisa Matias, antiga candidata a Belém, classificou o acto como ‘um erro’.

No passado, quando o Bloco publicava coisas destas, ninguém ligava: ‘É o Bloco’, dizia-se, como quem comenta um tio demente. Mas agora o disco é outro: com 10% nas urnas e um pé na governação, a parte do Bloco que pensa sabe que estas boçalidades só servem para afugentar a clientela. O caminho para o crescimento – em votos, influência e poder – passa por abandonar a adolescência fétida em que uma parte do partido persiste em afocinhar.

Ou muito me engano, ou este cartaz é o último do género. Não é possível estar à mesa dos grandes e continuar a comer com as mãos.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: brittreints via Foter.com / CC BY

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O sapo do Orçamento

24 Fevereiro, 2016 by João Pereira Coutinho

Ninguém beija o sapo do Orçamento porque dali não virá um príncipe

Pobre Orçamento. Quem ama este sapo? Ninguém. O PS fingiu: há dinheiro para as famílias, não há subida de impostos e o Tribunal Constitucional é respeitado. Mas qualquer socialista sabe que os impostos aumentam (mesmo) e o crescimento económico será a primeira vítima. Quando Bruxelas exigir o ‘plano B’, o governo promete não ir a salários ou pensões. Nem ao IVA, nem ao IRS. O que resta? Talvez petróleo nas Berlengas.

É por isso que o Bloco e a CDU também não beijam apaixonadamente o sapo: o Orçamento não é deles, disseram em coro, mas sem eles seria bem pior. E avisam: é preciso ponderar a ‘renegociação da dívida’, essa velha cartada que levou a Grécia à ruína.

E a ‘direita’? A direita assistiu ao circo pela impossibilidade óbvia de ir à praia. O único momento em que a sesta foi perturbada aconteceu quando António Costa acusou Passos de conspirar lá fora para chumbar o documento. A resposta de Passos foi brutal e glacial.

Moral da história? A esquerda engole o sapo sem o beijar. Dali nunca virá um príncipe. E isso interessa? Claro que não. O sapo só serve para que a campanha eleitoral comece.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: Thomas Hawk via Foter.com / CC BY-NC

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Salve-se quem puder

21 Fevereiro, 2016 by João Pereira Coutinho

Partidos que aprovarão o Orçamento já começam a afastar-se dele

Começa amanhã o festival do Orçamento de Estado no Parlamento e, originalidade democrática, nenhum dos partidos que o irão aprovar acredita no mostrengo. Razão simples: de que vale devolver rendimentos às famílias quando, ao mesmo tempo, se esmaga as famílias com um aumento de impostos encapotado e vil? O desastre cheira-se à légua.

É por isso que, nos discursos partidários, já se ensaiam as estratégias de fuga. Enquanto o PS chora pela virgindade perdida do esboço original e acusa Bruxelas (e a direita instalada por lá) de conspirar contra a Pátria, o Bloco e o PCP regressam ao lugar do crime: a renegociação da dívida, claro, um tema popular e explosivo, que pode ser detonado a qualquer altura.

Quando essa altura chegar, e o navio começar a meter água, a nossa ‘troika’ de esquerda já sabe onde estão os botes salva-vidas.

Os portugueses, esses, que se amanhem como puderem.

Artigo publicado no Correio da Manhã

Photo credit: Goosefriend via Foter.com / CC BY

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Marinheiro

19 Dezembro, 2015 by João Pereira Coutinho

Costa ainda vai dizer que a ‘estabilidade’ depende da direita.

António Costa não governa; navega. Em 48 horas, o primeiro-ministro aumentou as pensões e outras ajudas sociais; conseguiu reduzir a sobretaxa com a muleta da ‘direita’; e depois, para que PCP e Bloco não fiquem amuados, avisou que a TAP voltará para a alçada do Estado, com ou sem acordo.

Por outras palavras: em 48 horas, o país oscilou entre aumentos de miséria, bóias de salvação da ‘direita’ e proclamações estatistas que deixam qualquer investidor com a impressão sincera de que isto é um manicómio. Claro que estas ondulações, para além do enjoo que causam, terão os seus limites.

E não será de excluir que, a curto prazo, seja a tripulação de esquerda a saltar do barco. Nenhum problema: com a mesma naturalidade com que abateu a ‘direita’, Costa poderá dizer que a ‘estabilidade’ repousa agora nas mãos dela. Há marinheiros de água doce. Outros de água salgada. Costa é mais do género água das Pedras.

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/joao_pereira_coutinho/detalhe/marinheiro.html

Photo credit: Elf-8 via Foter.com / CC BY-NC-ND

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Argamassa cinzenta

5 Dezembro, 2015 by João Pereira Coutinho

Para o Bloco (e para o PS), a educação é um circo permanente.

Imagine: o leitor está deitado na mesa do bloco operatório. O neurocirurgião aproxima-se e diz-lhe ao ouvido: ‘Relaxe. Eu sempre escapei aos exames, mas sei dar boas risadas.’ Que fazer?

A primeira opção, instintiva, seria lançar-se da mesa e tentar fugir dali para fora (antes de a anestesia começar a fazer efeito).

A segunda opção, escolhida por Catarina Martins, seria devolver a gargalhada e murmurar: ‘Então venha daí a broca’, sendo que ‘broca’, no presente contexto, não se aplica ao tipo de substâncias que a Sra. Martins já admitiu ter fumado.

Eis, no fundo, a ideia que o Bloco (e o PS) tem para a educação nacional: uma espécie de circo permanente onde ninguém é atirado para a jaula dos leões. As consequências sociais deste tipo de ‘pensamento’ não são difíceis de imaginar. Como não é difícil imaginar o resultado da neurocirurgia: o leitor acordar e ver-se transformado em militante do Bloco.

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/joao_pereira_coutinho/detalhe/argamassa_cinzenta.html

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As Esquerdas

19 Janeiro, 2014 by João Pereira Coutinho

As esquerdas não se entendem: o Bloco não quer o 3D; o 3D não quer o Livre; o Livre não se importa de ter o Bloco e o 3D, mas parece que avança sozinho. Eu, modestamente, propunha um quarto partido para tentar aglutinar os três. Mas não tenciono influenciar ninguém.

As discórdias das esquerdas, para além dos aspectos pícaros e da tradicional busca do tacho em vésperas de europeias, revelam apenas uma doença mais profunda: a ausência de uma “narrativa” com pés e cabeça para enfrentar e debelar a crise que nos caiu em cima. Das várias tribos, ouve-se de tudo: sair do euro; não sair; lutar contra a Europa federal; lutar a favor dela; não pagar a dívida; pagá-la aos bochechos ou com o dinheiro dos outros; e por aí fora, num carnaval de insanidades que só abismam o cidadão comum.

Pergunta fatal: se as esquerdas não se convencem umas às outras, por que motivo haveriam de convencer o país?

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