A lei de financiamento partidário é uma comédia grotesca? Sem dúvida. Mas mais grotesca foi a reacção dos partidos quando apanhados em pleno acto.
No primeiro momento – ‘Querida, isto não é o que estás a pensar’ – tentou-se enganar os otários: a lei não representa mais despesa para o Estado (apesar do roubo de 9 milhões em IVA) e até foi obtida por ‘consenso alargado’ (na quadrilha couberam todos, exceptuando o CDS e o PAN).
No segundo momento – ‘Ela não significa nada para mim’ – optou-se por desvalorizar a amante. Para o PCP, a lei é ‘antidemocrática’. E o Bloco confessa que só dormiu com ela para não ficar à porta do quarto.
No terceiro momento – ‘Vamos ultrapassar isto juntos’ – o adúltero está disposto a ‘melhorar’ a relação. O Bloco, uma vez mais, é o penitente exemplar.
Depois de tanto rir, e esperando um veto presidencial, só tenho duas palavras para os nossos comediantes: muito obrigado.
Publicado no Correio da Manhã
Photo by Yunfei, Lin on Foter.com / CC BY-NC-ND